No programa Conversa com Bial, exibido nesta sexta-feira (6), MC Cabelinho falou sobre a prisão de MC Poze do Rodo e expôs sua visão crítica sobre o uso da lei de apologia ao crime. O cantor, que veio da favela, afirmou que muitos funkeiros cantam o cotidiano das comunidades e não devem ser julgados por isso. Para ele, a criminalização da música periférica revela preconceitos sociais.
Segundo Cabelinho, o julgamento sobre o que é ou não apologia vem de figuras de poder que desconsideram o contexto de quem vive nas favelas. Ele apontou que a mesma temática é tratada como arte quando retratada em filmes ou séries, mas vira crime quando cantada por um jovem preto da periferia. “Essa lei tem cor”, disse ele, ao denunciar a seletividade com que o sistema penal age.
"Quem define quem faz apologia ao crime ou não? Tipo, não sou eu nem você. É um desembargador, um juiz, um político que gosta de criminalizar o pobre, preto e favelado. É o político que não quer ver a gente bem"
A entrevista também trouxe à tona a necessidade de se discutir representatividade e o direito de artistas marginalizados contarem suas histórias. Para Cabelinho, mudar a forma como a sociedade vê o funk passa por transformar a realidade das favelas, não por silenciar seus artistas.