No último domingo, depois de um hiato de dois anos, o “Troféu imprensa” voltou à programação do SBT em uma nova fase, agora comandada por Celso Portiolli e Patricia Abravanel.
Com cinco horas de duração, a edição deste ano reuniu jurados veteranos — como Sonia Abrão, Ricardo Feltrin, Hugo Gloss e Flávio Ricco — e estreantes, como Sandro Nascimento, Chico Barney, Fabricio Pellegrino e Felipeh Campos. Apesar das tentativas de manter a essência da premiação, que é uma das maiores do país, o evento acabou sendo uma mistura de acertos e tropeços.
Pontos positivos:
- Homenagear Carlos Alberto de Nóbrega e Regina Duarte por suas trajetórias foi um acerto. Nesse caso, separar o CPF do CNPJ se faz necessário, pois ambos são parte da história da televisão brasileira.
- Trazer vencedores de anos anteriores para receber seus prêmios no palco segue sendo uma tradição que funciona. Agora, com a Globo liberando seus artistas, o programa ganhou mais diversidade. Angélica, Mateus Solano e Tatá Werneck (que até levou torta na cara) deram leveza e ajudaram a tornar a atração mais democrática.
- A inclusão de novas categorias — como melhor reality, melhor reality culinário e programa diário — foi um avanço, refletindo o cenário atual da TV, cada vez mais plural.
- As apresentações musicais de Joelma, Fábio Jr. e Chitãozinho & Xororó lembraram a linha de shows e estavam em sintonia com a proposta do evento.
Pontos negativos:
- Gosto é pessoal, claro. Mas a troca da tradicional estatueta pelo microfone usado por Silvio Santos no peito pareceu desnecessária, mesmo com a justificativa de ser uma homenagem. Vale lembrar: apesar do comunicador ter popularizado a premiação, a criação original é de Plácido Manaia Nunes.
- A cerimônia podia ter sido mais ágil. Muitos discursos soaram forçados, quase bajuladores, seja por parte dos jurados, seja dos próprios apresentadores. Portiolli, ao ganhar o segundo troféu da carreira, fez um discurso emocionado, mas que soou presunçoso ao relembrar seu compromisso com a emissora durante a pandemia e sua relação com o "patrão".
- A escolha dos três finalistas pelo voto do público precisa ser revista. Fica evidente, ano após ano, que os fã-clubes e as torcidas acabam inflando nomes que não, necessariamente, representam os melhores, como acontece em reality shows.
- Jurado não gostar ou não acompanhar determinado conteúdo é aceitável. Mas usar expressões desrespeitosas por considerar os indicados fracos é inaceitável. Teve jurado que sequer quis votar. E não por ética — como Flávio Ricco já fez no passado ao evitar opinar em uma categoria em que Eliana (sua nora) concorria —, mas sim por considerar os nomes indignos. Então, por que foi?
- Alguns jurados pareceram perdidos nas categorias. Quando “Ilhados com a sogra” apareceu como melhor reality de 2024, ninguém percebeu que a primeira temporada foi lançada em 2023 e a segunda em 2025. Ao mesmo tempo, teve quem achasse que “Voando pro Pará” era antiga demais para estar ali, como se uma música não pudesse estourar anos depois. E as regravações, entram onde?
- Apesar de algumas tentativas de neutralidade — como chamar celebridades para anunciar categorias em que os apresentadores estavam indicados —, ficou no ar uma certa tensão. Ambos não ficavam no palco, mas acompanhavam tudo nos bastidores. Portiolli, inclusive, durante toda a premiação, parecia ansioso por reconhecimento, quase como se quisesse tocar o sino e gritar: “Lembrem de mim, hein!?”
Conclusão:
O “Troféu imprensa” pode até ter conseguido o que queria: um ressurgimento em grande estilo. Mas quem disse que retornos apoteóticos recebem apenas elogios? Como tudo na TV, há altos e baixos. E o importante é saber compreender as críticas e aprimorar.
Se quiser continuar relevante, a premiação mais antiga da televisão brasileira precisa manter os acertos e corrigir as falhas. Caso contrário, corre o risco de perder o público que sempre priorizou pela imparcialidade e transformar-se em uma prosaica “festa da firma”.