O que os remakes de “Irmãos coragem” e “Vale tudo” têm em comum?

Tramas tiveram a difícil missão de trazer de volta a era de ouro das novelas

01/07/2025 às 22h25 Atualizada em 01/07/2025 às 22h52
Por: Flávio Melo
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Foto: Acervo / Globo
Foto: Acervo / Globo

Neste ano, para comemorar os 60 anos da TV Globo, a emissora carioca decidiu desenterrar um de seus maiores sucessos dos anos 1980: “Vale tudo”. Criada por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, a trama — que gira em torno da honestidade, ou da total falta dela — caiu nas mãos de Manuela Dias para ser repaginada. Deu certo? Bem, como diriam as gerações de antigamente, “isso são outros quinhentos”.

O fato é que a nova versão da obra de 1988, no ar desde 31 de março, vem acumulando mais críticas do que elogios — e menos espectadores do que outras novelas inéditas da casa. Resultado: os festejos pelos 60 anos estão tão apagados quanto os índices de audiência da trama.

No entanto, esse tipo de escorregão não é novidade na Globo. Em 1995, nos 30 anos do canal, “Irmãos coragem”, sucesso de Janete Clair em 1970, também ganhou um remake — que, digamos, passou longe de ser corajoso. Coube a Dias Gomes a missão de atualizar a história. A audiência, entre altos e baixos, até que compareceu. Mas o impacto, o frisson e o encantamento da primeira versão ficaram no passado, junto com os figurinos.

Naquela época, sem as redes sociais para o público despejar sua frustração, eram as revistas especializadas em TV que faziam esse papel e, por isso, tornaram-se verdadeiras bíblias nas bancas.

Aliás, o desastre de 1995 só não foi maior porque a Globo acertou em cheio ao estrear “História de amor”, de Manoel Carlos — sucesso que, não por acaso, está de volta no “Vale a pena ver de novo” —, e “A próxima vítima”, de Silvio de Abreu, que parou o país com uma lista de assassinatos baseada no horóscopo chinês. Duas tramas que, além de salvar os festejos de 30 anos do canal, tornaram-se referências na teledramaturgia nacional.

Então, a pergunta que fica é: quem vai, trinta anos depois, salvar os 60 anos da Globo? Pois, sejamos francos, sua principal aposta — sem trocadilho — não tem valido tudo.

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Flávio Melo
Sobre o blog/coluna
Flávio Melo é jornalista, crítico de TV, streaming e cinema, podcaster, cronista e criador de conteúdo. No Instagram, sua coluna possui mais de 80 mil seguidores. É um dos idealizadores e apresentadores do "Pod tudo e + um pouco" - canal com mais de 11 milhões de visualizações no YouTube -, onde entrevista, semanalmente, celebridades de diversas áreas do entretenimento. Além de participações no “Link podcast” (Record Entretenimento), é um dos colunistas do programa “Tarde top” (Rede Brasil), apresentado por Nani Venâncio, e escreve para o portal "Super life Brasil".
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